domingo, 20 de março de 2011

Expensive Soul

O dia do pai, a noite da maior lua dos últimos 18 anos, e a noite do 1º concerto do ano.  

Já há muito tempo (desde que apareceram) que gostava dos singles que os Expensive Soul iam lançando, mas nunca me tinha dado ao trabalho de ouvir os albuns de uma ponta à outra. Depois da curiosidade não concretizada no SW10, lá me decidi a descobrir um pouco mais sobre esta banda e... não é que mais uma vez o meu feelling não me desapontou? Ando viciada em várias músicas (têm-me acompanhado nas minhas viagens diárias há um bom par de meses), e o concerto intimista no São Jorge não podia ter sido melhor. Desde os coros, até aos músicos clássicos (a harpa no "Quero ver-te outra vez" foi sublime!!), passando pelas participações do Rui Veloso com o seu "Porto sentido" e da Kika Santos na "Sinfonia do Amor" (nunca pensei ouvir isto ao vivo!!), até ao cenário, às luzes e claro, toda a mística do espaço e da acústica que proporcionou um verdadeiro ambiente de encontro de amigos. Uma relação fantástica com o público, que me deixou com um sorriso nos lábios. New Max mais contido (e impossibilitado de andar mais longe pelo comprimento do fio do microfone... lol) e a energia e alegria esfuziante de Demo, transpareciam o verdadeiro culminar, numa hora e 45 minutos, de muitos anos de luta por um estilo musical difícil de vingar em Portugal. A selecção musical parecia ter sido feita por mim, saltitando por entre o "Tem calma contigo", com um cheirinho do "Eu e tu o quê?", passando pelo "Dou-te nada", "O Tempo Passa", "Contador de histórias", "Brilho", "Acordo às 5", "Recado", "Só contigo", "Eu não sei", "13 Mulheres", "Sara", "Quero ver-te outra vez", "Falas disso" e terminando com o "O Amor é mágico" (tocado pela segunda vez, para pôr o pessoal mais uma vez aos saltos).

Já há algum tempo que não gostava tanto de um concerto. Aqui fica uma versão d'O amor é mágicuuuuu, parecida à que assisti ao vivo ;)

sábado, 12 de março de 2011

Cativar...

"Porque é que nos destabilizam?" É uma coisa que tenho ouvido muito ultimamente. Às vezes a felicidade passa por uma certa ausência de acontecimentos. Não andamos esfuziantes, mas também não andamos tristes, e às vezes isso basta para que consigamos realizar as coisas do dia a dia, simplesmente por não haver nada que nos destabilize e nos faça perder a vontade, já por si pequena, de fazer as tarefas a que somos obrigados.

Porque nos destabilizam então? Essa pergunta toma mais relevo quando o motivo da destabilização é frívolo. Quando é apenas um jogo com um jogador e uma bola que é manejada da forma que convier. Torna-se simplesmente incompreensível. E lá se vai a concentração. O alvo torna-se completamente diferente, transplantando-se para algo que até há bem pouco tempo simplesmente não interessava.

É mau que nos destabilizem? A água tanto bate na pedra que esta se transforma em pó... e é levada pela corrente para outro sítio qualquer, onde fica perdida quando a maré baixa... A pedra não volta a ser a mesma. A água rouba um pouco dela, dissolve-a, mas continua o seu caminho a desgastar outra costa como se nada fosse... Ou não?

"Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo..."

terça-feira, 8 de março de 2011

Pensamento do dia XVII

"Não é por raparmos o nosso prato que os pobrezinhos vão deixar de ter fome."

O discurso do coitadinho é uma coisa que me tira do sério. Principalmente quando o coitadinho elege a sua desgraça como sendo a mais sublime, e torna-se ofensivo para quem, segundo ele, não será detentor de uma desgraça tão grande e que, portanto, não tem o direito de se queixar. Veja-se numa sala de espera de um hospital, ou num simples encontro de velhotes. É uma verdadeira disputa sobre quem tem mais doenças ou a doença mais grave. E há mesmo um prazer masoquista em vencer esta competição! No caso da classe mais jovem, a disputa será em torno do emprego, do ordenado, das horas de trabalho, dos horários...

Há sempre coitadinhos mais coitadinhos que nós. Mas não é por isso que deixamos de ter o direito de querer para nós melhores condições, sejam elas relativas ao que for! E quem diz "dá graças a deus por teres o que tens", bem pode ir dar uma volta, pois a tradução dessa frase é "deves ficar feliz pela desgraça alheia"! Aquilo que nós próprios sentimos, sofremos, desejamos, só a nós nos diz respeito, e só nós temos a noção da sua dimensão. O impacto que algo tem numa pessoa pode não ser o mesmo que tem noutra. O que me deixa triste ou feliz pode ser indiferente para outra pessoa qualquer. Não podemos distribuir o sofrimento por níveis de gravidade, se esse sofrimento não for o nosso. Não somos nós que estamos errados por querermos mais. Os outros têm ainda menos? Infelizmente não é o facto de nos resignarmos que vai dar-lhes mais daquilo que lhes falta.