quarta-feira, 20 de agosto de 2008

"Amores"

Cada vez mais as pessoas forçam determinados sentimentos para de certa forma suplantarem outros menos agradáveis. Cada vez mais oiço histórias de "amores" que são tudo menos isso, e daí as aspas. Cada vez mais, as pessoas chegam à conclusão (às vezes tardia) que não sabem o que é o Amor... porque o confundem com outras coisas...

Pois eu nessa história do Amor sou muito pragmática. Não acredito em "paixões" ou "amores" que surgem devagarinho, depois de se ir conhecendo a pessoa ao longo de meses ou anos a fio... O "amor" que surge com o tempo não é amor. Chama-se "Carência". Carência de muita coisa, inclusivé carência de nós próprios. Carência de auto-confiança e de auto-suficiência... em resumo, o ser uma grande nulidade como pessoa. Quando o "amor" é uma tábua de salvação (novamente, de muita coisa, inclusivé uma tábua de salvação de nós próprios), é porque não é amor... Inconscientemente, sem que se apercebam, é o engano do "melhor que nada". É a necessidade de ter alguém ao lado... é o querer ter companhia à força... É o medo da solidão...

A solidão... oh... a solidão... O maior medo da alma humana... o medo de ficar sozinho para toda a vida... o desespero de ver os anos a passar... a frustração de ver os outros felizes com alguém ao lado... e nós sem ninguém...

Realmente, só quem já esteve sozinho consegue conhecer-se a si próprio e atingir a tal auto-confiança e a tal auto-suficiência. Mas, infelizmente, nem toda a gente que está ou esteve sozinha consegue atingir esse nível. Daí passarem a vida atrás da velha solução da substituição... substituir um "amor" por outro a qualquer custo... e só descansarem quando o conseguirem... seja lá como for que o conseguem. Será talvez mais fácil do que reflectir e perceber que a solução é crescer como pessoa individual em vez de depender eternamente da "felicidade" que nos proporciona algo (alguém) exterior a nós. Talvez o medo da solidão seja maior do que a dádiva de sermos felizes por nós próprios. É que isso pode ser perigoso... percebermos que não precisamos de ninguém... tornarmo-nos irremediavelmente exigentes e incapazes de voltar a amar alguém que não reuna todos os critérios que ambicionamos (no meu caso, "The Fantastic 4"... private joke...)... tornarmo-nos sós... o medo que a liberdade se torne um vício, já dizia o outro...

Acredito no Amor... no verdadeiro Amor! Naquele Amor que começa pela paixão, logo no 1º momento... no 1º impacto... o tal "clique"... e que, depois da paixão descansar, permanece como aquele calor que nos aquece por dentro, aquela calma que nos faz sentir que a vida vale a pena... Esse Amor puro... isolado de outros sentimentos... sem mágoas, sem remorsos, sem medos. É esse Amor que consegue vingar verdadeiramente... porque as pessoas que o vivem são de facto felizes... Não é o outro amor... o de substituição... aquele que inevitavelmente termina quando a ilusão se desvanece.

O problema é que o Amor verdadeiro só pode surgir quando as duas pessoas atingiram a tal maturidade em que não se importam de estar sozinhas. Acredito que esse Amor verdadeiro existe e não é apenas ilusão do meu pensamento.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A tua face

Passo a mão pela tua face, que eu tão bem conheço. Todos os seus contornos... a textura... Era capaz de a esculpir de olhos fechados...

Passo a mão pela tua face e sinto todo o teu corpo... todos os desejos, todos os planos, todos os sonhos...

Passo a mão pela tua face. Ela mudou com o tempo. A idade marca-a com linhas que antes não existiam. A vida marca-a com expressões outrora desconhecidas.

Passo a mão pela tua face e descubro tudo o que me faz feliz. Tudo aquilo que nos fez felizes. Tudo aquilo que já tive, e que perdi...

Passo a mão pela tua face... e percebo porque me sinto assim.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Fadas madrinhas

Está mais que provado que eu devo ter em cima qualquer maldição que me contraria logo após eu dizer qualquer coisa. Pena é que só funcione para o mau. Se eu disser "Epá... nunca ganhei o EuroMilhões", continuo sem ganhar... Mas se eu disser "Epá, nunca me aconteceu isto", sendo "isto", algo de mau, a minha maldição de estimação reaparece das trevas e consegue contrariar as minhas palavras, tornando realidade o "isto", e assustadoramente cada vez com maior rapidez... quase que basta eu acabar de falar. Acho que vou morrer sem que se quebre o feitiço...

Por outro lado, quem me dera ser menos intuitiva. Deixar de sentir as coisas que se passam à distância, que eu, de outro modo, não saberia que se estariam a passar. Deve ser isso que alguns gémeos sentem em relação ao outro. É o saber que algo de errado está a acontecer. Aquela ansiedade que torna difícil, ou quase impossível, a respiração. Um aperto no coração que se torna mais doloroso que uma dor física. A vontade de chorar... Não dá para explicar. As dores de alma são as piores. E a ignorância é uma benção tão grande... por essa não me importava de ter sido abençoada...

Que bela fada madrinha que eu arranjei... Não acertou uma...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Vamos ginasticar!

Realmente o "não fazer nenhum" é uma coisa tramada. Falo por mim. Houve tempos (que já lá vão....but not so long ago) em que era capaz de correr 20 minutos a um ritmo relativamente rápido, continuar com 10 minutos de remo e mais meia hora de musculação. Mas claro... eram tempos em que eu andava a pé... tinha de correr para apanhar os transportes públicos... fartava-me de subir escadas... E agora, o facto de ter carro e de trabalhar num 5º andar (que por si só é um motivo psicologicamente mais que suficiente para esperar pelo elevador), mudou completamente a minha forma física. O meu coração, que já era de pardal, agora é, no mínimo, de colibri. Por sorte não engordei...aliás, até estou mais magra, o que acaba por ser uma vantagem agora que decidi que tenho de mudar isto...

Pois bem, já que, pelo menos por enquanto, tenho tempo, voltei para o ginásio (2 anos depois de lá ter posto os meus pezinhos pela última vez). Curiosamente a minha força de vontade (ou necessidade de me distrair) está em grande porque, apesar de ir sozinha (e como tal não ter aquele "empurrãozinho" extra), ainda só falhei um dia (ok, só lá estou há uma semana... mas podia ser pior!). Mas amanhã é que vou começar um treino mesmo a sério... e pela amostra que o instrutor me deu hoje, acho que depois de amanhã só vou conseguir mexer os olhos!...

Enfim, o importante é que estou motivada... resta saber se é para durar... Darei noticias quando desistir, ou quando tiver uns grandes rectos abdominais bem rijinhos...lol

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

8-8-8

Civilizações antigas atribuiriam com certeza qualquer significado divino ou catastrófico para o dia de hoje.
Para mim, um dia como os outros... Ou será que antes da meia noite ainda vai acontecer algo de extraordinário?
Amanhã saberei.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

My god its been so long, never dreamed you'd return...

Hoje tive finalmente coragem de me aventurar a ouvir outras músicas além daquela que nos últimos tempos tocava insistentemente no “repeat” do meu leitor de mp3 numa tentativa de manter o equilíbrio.

Houve uma particularmente que me fez sorrir… eu cá sei porquê… Reporta-me aos velhos tempos de guitarradas... a Aljezur… e a outras coisas que ela explica tão bem… :)

É aquela dos Pearl Jam…a que não rima… "Elderly woman behind the counter in a small town".

I seem to recognize your face,
haunting familiar yet I can’t seem to place it.
Cannot find a candle of thought, to light your name
Lifetimes are catching up with me.
All these changes taking place,
I wish i'd seen the place
but no one’s ever taken me

Hearts and thoughts they fade,
Fade away
Hearts and thoughts they fade,
Fade away

I swear I recognize your breath
Memories like fingerprints are slowly raising.
Me, you wouldn’t recall, for I’m not my former
It’s hard when, you’re stuck upon the shelf
I changed by not changing at all,
small town predicts my fate,
perhaps that’s what no one wants to see.
I just want to scream… hello…
My god its been so long, never dreamed you'd return
But now here you are, and here I am
Hearts and thoughts they fade... away

Hearts and thoughts they fade, fade away
Hearts and thoughts they fade, fade away
Hearts and thoughts they fade, fade away

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A nostalgia dos anos 90...

Há coisas que surgem na nossa vida que, embora na altura possam parecer desprovidas de importância, ao olharmos para trás verificamos que foram elas as responsáveis pelo escolher de certas direcções nas encruzilhadas da nossa existência, e consequentemente pelos acontecimentos mais importantes da nossa jornada. O mundo realmente é tão pequeno que às vezes se torna anedótico. Como as coisas se interligam de tal maneira, que, se fosse premeditado não sairia tão "bem".

Estou aqui a ouvir STP e, imagine-se, se há 10 anos atrás não fossem já a minha banda favorita, hoje a minha vida seria completamente diferente. Não teria conhecido as pessoas que conheci, não teria vivido o que vivi e de certeza que hoje seria uma pessoa diferente. É engraçado como algo tão simples como um gosto musical pode mudar abrupta e devastadoramente a vida de alguém. Não digo isto no sentido depreciativo. Foi apenas o rumo pelo qual me fiz guiar. Se me arrependo? Talvez. Tinha curiosidade em saber como tudo teria sido se não fosse esse simples pormenor, esse gatilho que despoletou tudo o resto. Será que chegaria aos mesmos cruzamentos e bifurcações? Uma coisa leva à outra... isso é verdade. Se eu soubesse o que eu sei hoje...

Sempre fui adepta do "diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és"... ou do "não se ama alguém que não ouve a mesma canção". E realmente, 10 anos depois confirma-se que há uma certa (grande) verdade nessas minhas convicções. É difícil explicar, mas quando as músicas elevam a alma de tal maneira que se atinge um estado quase divino, só quem sente o mesmo poderá compreender. É como uma droga que nos inebria, embora sóbrios. É a comunhão perfeita. É aquele abraço depois de um concerto, sem ser necessário dizer mais nada.

O verdadeiro artista é aquele que não precisa de ninguém que escreva ou toque por ele. Nunca fui de letras "básicas" de interpretação simples e evidente (que, se traduzidas para o português, em que tudo soa pior, se assemelham à bela da música pimba). Nunca fui de acordes fáceis e repetitivos, que ofendem qualquer guitarrista que pouco sabe tocar. E para isso é preciso ver para além do óbvio. Concluir aquilo que para nós pode ser muito diferente, embora legítimo, daquilo que é para os outros.

Já não pegava na minha guitarra há pelo menos uns 4 anos. Já me tinha esquecido dos contornos... do som... As cordas pelo menos ainda estão intactas. Falta o resto. Falta os dedos encontrarem o caminho. Prometo que vou voltar a tocar.

É difícil escolher uma música. Todas elas me dizem algo. Todas fizeram parte de certo ponto da encruzilhada. Escolhi esta. No fundo foi ela a principal culpada. E tanto que ela diz...

Estou prestes a cometer uma loucura e meter-me num avião direitinha aos "States" para vê-los actuar...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Poesia (?)

Uma vez tive um professor que era todo dado à poesia, teatro e afins. Talvez por eu ser mais tímida, parece que "embirrou" comigo para que eu apresentasse sempre os trabalhos que ele pedia para fazer, nomeadamente poemas (que vergonhaça!..). E, talvez por eu nunca escrever explicitamente sobre os temas sobre os quais incidia toda a escrita dos meus colegas, meteu na cabeça dele que eu até tinha jeito para a coisa... (coitado... lol).

Visto que estou numa de desencantar memórias, aqui vão as minhas "obras primas" poéticas (e filhas únicas). Já se passou tanto tempo...


Somos minúsculos perante o mistério
do destino.

Entregamo-nos à realidade?
Libertamos o tempo?

Iremos descobrir com a experiência o destino
do mistério do destino.

Nossa vontade era parar
o destino,
acabar o futuro.
Mas o destino faria o futuro,
quando este acabado?

Entregamo-nos à realidade?
Libertamos o tempo?

Tudo é lento.
Tudo é tempo.



A lágrima é suave, quente,
sinto-a ardentemente como uma chama.
É líquida, leve, transparente, cintilante,
repleta de sentimento.
Olho-a: é grande, maravilhosa,
especial.




Violinos a soar.
Estaria a anoitecer?
Rimas soltas, pelo ar,
A inspiração sem aparecer.

Vinham gritos, talvez cantos.
Isto seria verdade?
Loucas melodias, desencantos.
Havia até sons de saudade.
E estes seriam, eu pensei,
na amargura de cada dia,
a inspiração que nunca terei.



1995