O meu 1º “toque rectal” é feito (com o polegar, que é mais grosso) ao maravilhoso Ministério da Saúde (MS) desta República das Bananas (vulgo, Portugal).
Actualmente, os médicos quando acabam o curso, escolhem (segundo a média de curso) um hospital para fazer o Ano comum (estágio de 12 meses onde trabalham em diferentes especialidades) e fazem um exame, que lhes permite escolher (segundo a nota do exame) a especialidade a ser feita após o Ano comum. Só quem passa por isso é que compreende realmente a situação, mas para resumir, imaginem o pior exame da vossa vida. Agora multipliquem por 9 biliões de vezes e terão uma ideia aproximada do que é estudar para esse exame...de manhã à noite, sem intervalo para café, durante meses! Depois, são centenas de candidatos e acabamos por ficar numa coisa que não gostamos. Sim, é melhor que ir para o desemprego, mas não nos podemos esquecer que alguém que seria um excelente cardiologista, poderá ser um péssimo clínico geral.
Muito se falou dos 883 médicos que não podiam iniciar o seu trabalho a 2 de Janeiro devido a um erro informático que segundo Correia de Campos “é um fenómeno natural”(!). Ora, as pessoas não sabem da missa a metade.
Para qualquer cidadão, é obrigatório o cumprimento de prazos para a entrega de documentos, para a inscrição em concursos, etc. Mas para o MS deve haver na legislação uma alínea qualquer que o obriga a NÃO cumprir prazos. Senão vejamos. A Secretaria Geral (SG) do MS já tinha as listas dos candidatos desde Novembro e, devido ao tal erro informático no novo programa que estavam a usar (caso para dizer “não sabe, não mexe”), só a 10 de Janeiro é que publicaram a lista correctamente (uma coisa que se fazia em Excel num dia!). E o mais engraçado foi o Sr Ministro publicar uma circular cuja tradução dizia “Agora desenrasquem-se. Já têm a lista, vão falar com o director do vosso hospital e decidam quando é que começam”. Esta atitude muito inteligente de desresponsabilização pela situação só faz com que cada pessoa comece num dia diferente, haja desfazamento dos estágios, e uma grande confusão em todo o país. Mas dessa já se safou...
Houve também um concurso, não falado na comunicação social, para aqueles que querem mudar de especialidade, ou que, já tendo feito o ano comum, não escolheram nenhuma especialidade num exame prévio. E aqui é a verdadeira twilight zone:
● A abertura do concurso foi publicada em Diário da República, revogada, e novamente publicada...2 semanas após o prazo de inscrição ter terminado!
● Nesse aviso de abertura deviam constar as vagas (muitos só concorriam se abrisse vaga de uma determinada especialidade, caso contrário não iam perder tempo a estudar...). Nasce aqui o conceito de "concurso de emprego surpresa". Já se passou 1 mês e meio depois do exame, e vagas nem vê-las.
● Pior, no 1º aviso diziam que abriam 265 vagas. Depois, corrigiram, permitindo a inscrição de pessoas que ainda estivessem a fazer o ano comum e dizendo que o número de vagas seria de acordo com o número de candidatos. Concorreram 625 pessoas, e agora (por telefone) informaram que só abrem 196 vagas. Parece-me bastante lógico, não?
● Na incrição foi obrigatório (apesar de haver legislação em contrário) entregar documentos dos quais estavamos dispensados. Um deles era para provar que falavamos português (!!) e o pior é que a SG já o tinha, mas mesmo assim tivemos de escrever uma carta ao Secretário Geral a pedir que o enviassem pelo correio para nossa casa, para depois o entregarmos lá novamente... (não, não é uma anedota).
● A lista de candidatos devia ter a informação de admissão, exclusão, ou admissão condicional (por falta de documentos), sendo discriminado para cada candidato qual(is) documento(s) estava(m) em falta. Mas não. Foi tudo corrido com uma admissão condicional, muitos (aqueles que entregaram tudo) sem saber porquê.
E depois desta palhaçada, alguém foi repreendido? A resposta da Provedoria da Justiça foi que “não estaria em condições de intervenção de sentido útil” e que ainda não decorreu um prazo razoável (!) para a pronúncia do Ministro da Saúde sobre a matéria. Bem, os funcionários da SG, com toda a sua incompetência e falta de educação (bem confirmada de cada vez que temos de recorrer a eles para qualquer informação), continuam lá (não sei bem a fazer o quê, talvez a trabalhar no único programa informático que devem saber utilizar: o Microsoft Solitaire). O Secretário Geral, já não o é. Foi promovido a Vice-presidente!!! (não estou a brincar!). E o Ministro, bem, deve estar a estudar novos adjectivos que possa chamar aos médicos, além de “jovens irreverentes”.
domingo, 21 de janeiro de 2007
Só em Portugal...
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5 comentários:
Penso que o primeiro ministro deveria tomar uma atitude, pois é calamitoso esse tipo de acções. Não se compreende tamanha incompetencia. Se no meu trabalho eu for incompetente, o que me acontece? Ah pois é!
Uma verdadeira vergonha nacional. Mas tem calma que não há nada que não consiga piorar neste país.
Ó Vasco... se fores incompetente no teu trabalho quem te bate sou eu... e com muita força...
Vera.. estou a leste desse problema, mas infelizmente não me surpreende nem um pouco. o Estado da nossa saúde é um bocadinho calamitoso
Esse ministro é o mesmo que acha perfeitamente normal que uma viagem de urgência de odemira a lisboa seja o mesmo que ir ao brasil de avião...
Quando até o pessoal do inem acha que houve algo que correu mal... quando até a ordem dos médicos acha estranho mas não se pronuncia, a não ser que seja chamada a fornecer peritos e a colaborar numa eventual investigação... e o pior é que foram dois casos na mesma semana.
Será que na verdade o gajo tava a usar o helicópero do inem para ir para a neve com os netos?
O normal neste país é as coisas correrem mal, se por acaso, tivesse corrido bem, é que era de estranhar, por isso, já nada me choca!
Protesta míuda, arranha-lhes a próstata com um poste de alta tensão.
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