Por onde hei-de começar? Ora bem, há um ano que publiquei o último post neste canto dos desabafos. Talvez porque tem sido mais fácil desabafar noutros "cantos" mais rapidamente disponíveis, ou simplesmente porque não tenho tido vontade de vir aqui, tal como não tenho tido vontade de fazer outras coisas que antes me preenchiam o tempo. Mas hoje no ginásio (das poucas actividades que ainda me vou obrigando a fazer), no meio de várias divagações ajudadas pelas músicas que iam saltitando no meu mp3, apeteceu-me escrever. Apeteceu-me escrever aquilo que provavelmente já disse (e de certeza já pensei) anteriormente. A verdade é que passado um ano, aconteceram coisas na minha vida que alguns considerariam grandes mudanças. No entanto, para mim, sinto que é mais do mesmo e chego a uma única conclusão: o tempo apenas passa. Isso deixa-me angustiada. Provavelmente não me devia queixar, mas o problema é que não me alegro com a "desgraça" alheia e, tal como um amigo me disse um dia, o sofrimento dos outros não é mensurável. Cada pessoa tem um nível de tolerância à dor e um nível de satisfação. O que para muitos pode ser suficiente, para outros é apenas uma gota no oceano.
Talvez seja insatisfeita por natureza. Isso e, tal como outro amigo também me disse, farto-me demasiado depressa das coisas porque, com a mesma rapidez, as consigo compreender e assimilar. Não é defeito, é feitio. Como se não bastasse, o mais grave é que sofro daquilo a que costumo chamar Síndrome do Capitão América. Estive congelada durante quase duas décadas e agora, com quase 35 anos, sinto-me como se estivesse nos 20, querendo viver o que é próprio dessas idades. Acontece que toda a gente apanhou o comboio e eu cheguei tarde à estação. O comboio seguinte só passou agora, mas vem cheio de pessoas e situações demasiado sérias e aborrecidas. Deixou de existir disponibilidade para tudo o que fuja da rotina das tarefas diárias. Já não há vontade para grandes aventuras. Afinal, no mundo dos adultos há que ser responsável e já existem demasiados assuntos dignos de preocupação. Os filhos, o trabalho, as contas para pagar, os almoços na casa dos sogros, as férias na época alta. A distância... a distância cada vez maior de quem vive nestes pequenos mundos alheado de tudo o resto... Por fim, cheguei à conclusão de que o que me faz realmente mais falta é o sentido de humor (inteligente) à minha volta. Parece que se diluiu com o tempo. Nestas idades já não há espaço para piadas non sense e palhaçadas. As pessoas já não compreendem, esqueceram-se de como era, ou simplesmente foram obrigadas a "amadurecer". Sempre foi muito inglório remar contra a maré...
Só preciso continuar a sonhar e, sobretudo, a acreditar no sonho, esquecendo o que de facto sei acerca da realidade...
Mas por agora, talvez publique mais alguns posts pura e simplesmente irrelevantes... :)