Li "Os Maias" em plenas férias de Verão, pois era um livro de leitura obrigatória no ano lectivo seguinte. Nessa altura, eu ainda gostava de preparar as coisas com antecedência e, tendo em conta que era o livro mais extenso que iria ler até àquele momento, teria bastante tempo para o fazer. O inicio foi difícil, confesso, uma vez que, sendo uma pessoa muito objectiva, não sou propriamente grande fã de descrições demasiado detalhadas (e loooongas) de cenários... Mas depois de sobreviver ao Ramalhete, todo o restante livro foi delicioso. Na altura, a parte que mais me tocou e ficou na memória foi o último capítulo, sobretudo pelo seu simbolismo e pela reflexão sobre a vida feita por dois grandes amigos que sempre se conheceram e voltaram a reencontrar-se. Tudo pareceu simples e real e, apesar de muito nova na altura, e apesar do texto já ter uns bons anos, aquelas frases não poderiam fazer mais sentido. Só li o livro uma vez, mas ficou-me para sempre na memória onde estava o "ouro". Depois de ver o novo filme de João Botelho, fiquei com vontade de reler o livro, ou pelo menos o último capítulo. E de facto, hoje ainda faz mais sentido e me identifico com ele.
Fiel ao livro (e talvez por isso tão bom), filmado com cenários impecavelmente detalhados permitindo a ausência de cenas no exterior, vale bem a pena ver a versão integral de 3 horas no Cinema Ideal.
"E ambos retardaram o passo, descendo para a rampa de Santos, como se aquele fosse em verdade o caminho da vida, onde eles, certos de só encontrar ao fim desilusão e poeira, não devessem jamais avançar senão com lentidão e desdém."
Sem comentários:
Enviar um comentário