sábado, 15 de outubro de 2011

Perda de tempo

Até podia vir com o cliché do "arrepende-te só do que não fizeste" ou do "tudo vale a pena e ganha-se sempre qualquer coisa". Até podia vir com a fé, mascarada de pensamento, de que as coisas ainda vão correr muito bem e que a verdadeira felicidade ainda está para vir, and so on. A verdade é que, habituamo-nos ao que é bom... e o problema surge quando esse "bom" não compensa minimamente o "depois"... Esse é o único motivo pelo qual considero uma perda de tempo passar por certas situações. É uma mera questão de diferença de peso nos pratos da balança...

Não se trata de cuspir no prato onde já se comeu, até porque só conhece a tristeza quem já foi feliz. Mas... what's the point? Lamento o passar inglório por certos episódios da vida, pois no final, invariavelmente, a questão é sempre a mesma: Para que é que isto serviu?... E a única resposta possível é "Serviu para passar por mais um período de inevitável e desnecessária tristeza." Uma perda de tempo dupla.

Cada vez tenho mais a certeza de que prefiro a "doce serenidade da planície, que nos permite viver sem grandes subidas e descidas". Passava muito bem sem mais perdas de tempo.

4 comentários:

João Rosa disse...

Vive o que tens a viver, aprende com o que já passou...

Tudo vale a pena, custe o que custar. O resto é conversa...

Vera disse...

Tinha de ser a minha imaginação a dizer coisas dessas... ;P

O problema é que não é uma questão de aprender com o que já passou (até porque se assim fosse deixava de se "viver o que se tem a viver"). Há coisas que não valem mesmo a pena, precisamente por custarem demasiado...

Vasco Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vasco Ribeiro disse...

Sem dúvida um grande texto. Tenho pena de chegar à mesma conclusão que tu; “Há coisas que não valem mesmo a pena, precisamente por custarem demasiado...”. É uma verdade triste. Triste porque nos tira a ilusão de que o Amor que idealizámos por sugestão de livros e filmes que nos fizeram suspirar. “Ai... queria tanto um amor assim...”, não faz sentido. Aquilo que a vida me foi passando é que a planície é simplesmente deslumbrantes para viver a dois – de mãos dadas – sempre a olhar para o horizonte. Quanto aos altos e baixos mais ao estilo de montanha-russa – impossibilitando de ver esse horizonte comum -, que até nos pode elevar a um padrão ainda mais irracional sobre o amor, acaba sempre por destruir uma ilusão pré-concebida sobre o ideal de felicidade. Quero eu com isto dizer que, há sempre alguém que se magoa, fica para trás ou apodrece de raiva, quando na montanha-russa quer abrandar. Depois ficamos a pensar como foi possível? Como foi possível passar da planície que tanto gostávamos, para entrar numa montanha-russa que nos deixou assim... de ossos partidos, coração estraçalhado e sem esperança. Temos que aprender sempre qualquer coisa com este “divertimento”, é um facto, mas no fundo só tiro uma ilação: Fiquei sem sonhos, fiquei sem ilusões. E isto é tão triste sentir.