terça-feira, 15 de novembro de 2011

Eufemismos

Porque é que as pessoas insistem em usar eufemismos ou frases feitas para tentar amenizar uma situação que por definição é impossivel melhorar? Basta um "Não gosto de ti.". E pronto. É que nem tenham a tentação de querer dizer logo qualquer coisa a seguir para tentar diminuir a importância ou camuflar um pouco essas palavras, criando uma manobra de distracção de lógica cerebral tipo "so there is a chance!".

É que se formos pegar na lógica, também podemos ter o reverso da medalha... Senão vejamos: "O problema não és tu", "És uma pessoa fantástica"... e então? Pelos vistos, não fantástica o suficiente. "Mereces alguém melhor", "Mereces ser feliz", "Qualquer pessoa gostaria de estar contigo"... e então? De que serve merecer ser feliz? Qual é a verdadeira utilidade dessas afirmações, se a única pessoa com quem gostariamos de estar não o quer (o que por si só transforma logo essa afirmação numa mentira)?

Compreende-se em parte. À primeira vista pode parecer cruel, e daí a reacção humana de querer adulterar um pouco o significado dessas palavras que magoam inevitavelmente. Mas precisamente por ser inevitável deixa de ser cruel. Cruel é fazer acreditar numa coisa que não existe. Crueldade é dar esperanças. Crueldade é dar o doce ao bebé e logo a seguir arrancar-lho das mãos.

Um simples "Não gosto de ti". E pronto. Acabou. Faz-se o luto e segue-se em frente. Sem rodeios. Sem expectativas. Claro que dói. Dói muito. Mas quanto mais depressa se tem consciência da situação, mais depressa nos curamos dela.

Devia existir uma espécie de reacção neurológica que, não só obrigasse à sinceridade de um "Não gosto de ti" curto e grosso, como impedisse de dizer o que quer que fosse a seguir a essas palavras e obrigasse o corpo a fazer meia volta e afastar-se.

5 comentários:

Unknown disse...

Compreendo mas não concordo. Na teoria até concordo mas na prática é muito complicado. Principalmente quando sentimos algum carinho pela pessoa. Essa frontalidade de que falas por norma só vem associada a uma indiferença (e cabeça fria) e até desprezo que na maioria das vezes não existe.
É muito complicado dizer "não gosto de ti"(been there, done that - e garanto-te que foi o desespero total que mo fez dizer). Por vezes até é mais complicado do que ouvir (been there, done that).



Na proxima semana tens que ir lá a casa conhecer o novo habitante :) .

Vasco Ribeiro disse...

Tenho que concordar com a Patrícia, contudo percebo que para ti é mais fácil lidares com uma grande dor no imediato do que pequenas dores constantes...

Vasco Ribeiro disse...

Ahhh e gosto do vídeo...

Ana Margarida disse...

Eu concordo com a Vera... Não há uma boa maneira de dar más noticias. Não adianta adiar. Se é para dizer, que seja tipo penso rápido. Záaaaazzzz!! Já está. Dói muito mais. Mas também passa muito mais rápido. Dói hoje, dói menos amanhã, dói ainda menos passado uma semana e vai doendo cada vez menos até não doer de todo! Agora ir sofrendo aos poucos todos os dias... é ser muito masoquista!

Vera disse...

Penso rápido... nem mais!