domingo, 15 de fevereiro de 2009

Escuridão

Falta-me o ar. Caminhei horas a fio na escuridão e ainda não consegui chegar. Os caminhos parecem todos iguais. Estarei perdida? A luta foi demasiado forte. As forças do mal demasiado fortes para mim. Fugi. Ferida. Cansada. Deixei a minha armadura algures no caminho. Sentia-a demasiado pesada. Não me deixava respirar. Ainda seguro na minha espada mas temo que não por muito tempo. O ferimento no peito continua a sangrar a cada passo que dou. Talvez deva parar para descansar… mas se o fizer perco tempo… eles alcançam-me… Não. Tenho de continuar. Está cada vez mais frio. Ou serei eu que estou a ficar sem sangue que me aqueça? A lua cheia ilumina tudo à volta apesar das árvores demasiado altas esconderem recantos dos quais parecem surgir vultos… Serão eles? Serão apenas as sombras das árvores? Ou as sombras deles? O chão está coberto de folhas e ramagem… faz barulho a cada passo que dou. Não deveria dar tanto nas vistas… mas tenho de correr. Não há outra hipótese. De repente oiço um silvo. Uma serpente surge do nada e olha para mim como se soubesse o que ia acontecer. Sinto um corte nas costas. O silvo outra vez. São eles. Tento levantar a minha espada e lutar com a pouca força que me resta. Já não posso fugir. Já não tenho força. De repente ficou mais escuro. As folhas das árvores pararam de mexer. Silêncio. Novamente o silvo. Sinto um calor a percorrer o meu corpo… e de repente um frio tremendo. A espada trespassou-me… Sinto-a rodar de acordo com o movimento circular do punho do meu inimigo. A alma já não dói. Foi substituída por uma dor física. Sorrio. O golpe de misericórdia.

O mal venceu mais uma vez. Sempre.

5 comentários:

Anónimo disse...

o tempo passa, a ferida sara, a cicatriz fica... não vivas de cicatrizes. olha para elas e aprende. algumas ate são bonitas...

Jonino disse...

Dou-te a minha mão, tratarei das tuas feridas até só se verem pequenas cicatrizes, procurarei o teu sorriso. Uma bjoca

Anónimo disse...

No caminho deparei com um vulto caído. De repente percebi o motivo da pressa dos cavaleiros que se tinham cruzado comigo momentos antes. O primeiro reteve-se à minha frente por breves instantes. Senti o cheiro de sangue na sua espada. Mesmo no escuro reconheci o seu olhar. Reconheci-a e também ela me reconheceu. Surgiu o outro cavaleiro. Olhou-me e também ele me reconheceu. Vislumbrei espanto e temor no seu olhar. Depois foram-se em frenético galope, sem qualquer palavra. Afastei esta memória do meu espírito. Desmontei e aproximei-me do vulto. Agonizava prostrado. Desvie-lhe o cabelo da cara e com o luar vi que era uma mulher. Despojada da sua armadura, mantinha a mão firme na sua espada. Lentamente abriu os olhos e balbuciou, que terminasse. Disse-lhe que estava tudo bem e que eles tinham ido. Perdeu os sentidos enquanto lhe afagava o rosto. Prendi a sua espada na sela do meu cavalo e carreguei-a nos braços. A minha casa já era perto. Chegados, deitei-a sobre a minha cama onde a despojei das suas roupas rasgadas e ensopadas de sangue. Levei-lhe as feridas e tratei-as o melhor que sei. Depois fiquei à sua cabeceira apenas olhando-a. Recuperou os sentidos e abriu lentamente os olhos.
- Onde estou?
- Em segurança. Eles não virão aqui.
- Quem és tu?
Sorri e disse-lhe que repousasse. Fechou os olhos e adormeceu de novo, tranquila…

Anónimo disse...

No caminho encontro uma mulher ferida de morte. Vejo que alguém se aproxima a passos largos. Alguém com um machado, para desferir o golpe final. Não tenho muito tempo, desço do cavalo e recolho-a. Tem uma espada no peito, que com sorte não a trespassou. Um golpe misericordioso que deixou um ferimento bem aberto. Retiro a espada que estava alojada no osso. Aquando da minha retirada digo; “ Não te preocupes, vais ficar bem. Pensaste que tinhas morrido, mas a espada ficou no osso.”

A vida faz muitas cicatrizes no nosso coração, na nossa alma, mas muitas dessas cicatrizes são coisas que saem do peito e que nos libertam. Gosto de pensar assim.

Não tenhas medo, pois é na escuridão que mais brilhas...

Unknown disse...

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