segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Aventura gripal

A minha aventura começou, depois de um fim de semana com tosse e dores no corpo (incluindo uma dor de cabeça brutal), e uma noite mal dormida graças à bela da febre que resolveu aparecer. Se até aqui me estava nas tintas (casa de ferreiro...), este último sintoma obrigou-me a tomar outro tipo de precaução, principalmente no que diz respeito às pessoas com quem sou obrigada a contactar diariamente. "Espera lá... será que é gripe?..."

Não que a gripe me assuste (assusta-me mais a ameaça latente de poder ficar sem férias de Inverno por causa dela...). Aliás, costumo dizer que, depois de ter tido mononucleose, até pode vir a gripe Z, que de certeza que não lhe chega aos calcanhares. Estou um bocado (para não dizer muuuuuuuuuito) farta desta história da gripe A e de tudo o que ela envolve, mas, tendo em conta que devemos zelar pela saúde do "próximo", liguei para a Saúde 24 para que me dessem orientações (sim, porque desde que a gripe surgiu, as orientações mudam de hora a hora, e passam a ser mais "desorientações" que outra coisa). Fui atendida por uma enfermeira com o discurso politicamente correcto de "call center", que me colocou a lista pré-definida de questões, e me indicou que deveria ser observada por um médico. Para tal, deveria dirigir-me ao Centro de atendimento da gripe no meu centro de saúde, o qual só estaria disponível a partir das 18h, pelo que, até lá, deveria ficar atenta à temperatura e ao aparecimento de novas queixas. Deveria ir em transporte próprio e com máscara.

Como miúda bem mandada que sou, fiquei em casa a aboborar, à espera das 18h, e nessa altura fiz o esforço para me meter no carro. Cheguei às 18:05 (já a dar um desconto de 5 minutos), quando o segurança me diz que o centro de atendimento da gripe tinha fechado às 18h, e que agora era o atendimento geral.

"Tem sintomas de gripe? Tome lá uma máscara." Piursa da vida, lá meti a máscara na cara. Inicialmente acho que era a única pessoa com máscara. Senti-me o verdadeiro alvo das atenções... uma figura temida... só me faltava a foice e o manto negro... Estava de facto enquadrada naquela verdadeira visão do inferno. Pessoas a barafustar porque nunca mais eram chamadas, mães indignadas por os filhos (que pareciam mais saudáveis que qualquer outro) não terem prioridade ("quando eu fui com ela ao hospital foi logo chamada! Não se importa de ligar lá pra cima para verificar se não tenho prioridade?), ou o casal jovem (que de doente também tinha pouco) que se fartou de rir quando viu que (só) tinha 30 pessoas à sua frente.

Passado algum tempo as máscaras foram aumentando de número. Contudo, eu devia ser a única naquele espaço com a máscara (bem) colocada. As crianças brincavam com as máscaras nas mãos enquanto tossiam e espirravam para o vizinho do lado, para gáudio dos papás. E os adultos, não só colocavam a máscara de maneira demasiadamente "ventilada", como a tiravam de cada vez que falavam. Um verdadeiro primor de prevenção da infecção. Senti-me verdadeiramente protegida... porque eu tinha uma máscara!

O sistema de senhas era verdadeiramente paleolítico (palpita-me que também envolvia sinais de fumo), e depois de uma hora e meia, lá me chamaram para fazer a ficha. Daí para diante foi surpreendentemente rápido, e 10 minutos depois estava a ser chamada. A médica com tudo a que tinha direito: máscara, luvas e bata descartável. Super simpática e despachada.

Agora vamos ver se a febre volta...

P.S: Acho que vou começar a andar de máscara... talvez me comecem a levar mais a sério...

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