quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pérolas da Função Pública - Parte III - "O regresso"

... E no dia seguinte a primeira coisa que fiz quando cheguei foi ir ao serviço de pessoal. Conclusão: disseram que pagavam o que a SS não pagará. Isto por si só, já é admitir que a culpa foi deles, no entanto, pasmem-se, tiveram a lata de dizer que a culpa foi minha porque eu é que tenho de saber que documentos é que devo entregar (o que até pode ser verdade), e que eles (a malta do "Expediente") NÃO são obrigados a verificar se os documentos que recebem são os correctos (!!!!), e como tal estavam a fazer-me um especial favor, mas que não se repita porque agora eu já sei como é (!!!). Estou a pensar seriamente em começar a escrever em papel higiénico e enviar para o expediente... porque eles aceitam tudo.... e pelo menos assim aproveitavam para limpar aqueles cérebros.... se os tivessem!

Pediram apenas para lhes entregar um comprovativo da SS de como o processo foi indiferido. (Estou tramada...)

Dias depois...

... lá arranjei um tempinho para ir à SS, depois de uma tentativa falhada (bati com o nariz na porta, pois ali só se trabalha até às 16h, apesar de no site dizer outra coisa...). Tiro a senha, e incrivelmente só tinha uma pessoa à minha frente. Olho para a "senhora" que me iria atender e, pelo tempo que demorava e pelo primor de educação com que falava com a pessoa que estava a ser atendida, vi logo que tive azar. Era só o que me faltava... mais uma atrasada mental! Meia hora depois, dão a noticia de que o sistema informático está parado, sem previsão de quando iria voltar a funcionar... Boa, não há mais nada que possa acontecer?

O sistema informático lá começou a funcionar, e lá foi chamado o nº 33. Esta, voltou passado 5 minutos, revoltada por, pelos vistos, não lhe terem resolvido nada (só não acerto no Euromilhões...). E a seguir lá vou eu para o atendimento mais surreal que eu já alguma vez tive...

- Boa tarde. Eu venho porque... (interrompida)
- Qual é o seu nº de beneficiário? (de trombas)
- É o xxxxxxxxxxxxxxxx
- Sim, e então? (de trombas)
- É que eu preciso de um comprovativo de como o processo relativo à minha baixa de Junho foi indiferido, para o apresentar no meu serviço.
- (a olhar para o computador) Então mas o processo foi indiferido! Mas oiça lá, a sua empresa não sabe há quanto tempo é que você faz descontos? Não me diga que não sabe! Está lá há 6 meses e não sabem?
- Mas... (Oh meu deus... quem é esta croma??? E que raio está ela a dizer??? Descontos?? 6 meses?? Será que vê coelhos??)
- É que a culpa é sempre da SS, nunca é das empresas!
- Mas posso explicar?
- (trombas)
- O que se passou foi que... (lá expliquei numa frase, antes que ela me interrompesse mais uma vez)
- Ah! Então foi diferido por causa dos prazos!
- (DUH!!!)
- Então e agora o que é que quer?
- Quero um comprovativo de como foi indiferido.
- Oiça lá, já recebeu em casa o oficio?
- Não, mas... (nova interrupção)
- Então tem de esperar!
- Mas disseram... (nova interrupção)
- Recebeu ou não recebeu?
- Não... mas... (nova interrupção)
- Então!
- Eu liguei para a SS e disseram-me que me podia dirigir aqui para que me dessem esse comprovativo!
- Então tem de escrever um pedido para seja feito o oficio.
- (tou lixada...) E posso fazer isso.... agora?
- É que a culpa é sempre da SS...
- Mas a culpa não foi da SS, foi deles!
- Então mas o que é que quer?
- Quero um documento vosso a dizer que o processo foi indiferido!
- (trombas). Vou-lhe imprimir isto e pôr um carimbo da SS. É isso que eles querem? Aceitam isto?
- (Eureka!!!) SIM!!!! É isso mesmo!!!
- É que a culpa é sempre da SS... mas as empresas muitas vezes é que são as culpadas. Mas a culpa é sempre da SS...

Fez um print screen de uma tabela muita ranhosa com as minhas 2 baixas, em que na linha da 1ª baixa dizia "Para diferi" (sim, o resto ficou cortado na impressão...) e carimbou. Fugi dali a sete pés, mas com a certeza de que não iriam aceitar aquilo como comprovativo, e que teria de esperar mil anos para receber o tal oficio pelo correio.

Enganei-me (pelo menos uma vez na vida surpreenderam-me pela positiva!). Aceitaram o comprovativo, e até gentilmente perguntaram se eu queria ficar com o original (pra recordação...).

Parece que em Dezembro vou receber a prenda de Natal... o meu ordenado de Junho!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pérolas da Função Pública - Parte II

Estou piursa. Isto de ficar de baixa dá mais trabalho do que ir trabalhar. Malditos virus...

Acabei de ligar para a Segurança Social e, uma vez que interrompi uma baixa por doença vou ter de escrever uma carta e envia-la em correio registado e com aviso de recepção para a SS para comunicar isso mesmo (sim, porque por fax não recebem, e por telefone, apesar de terem o computador à frente com o meu processo não é suficiente). Mas adiante...

Há uns meses estive, pela 1ª vez na minha vida, de baixa por doença durante 14 dias. Como tenho a ADSE, entreguei a baixa (no documento da ADSE) no Serviço de Pessoal no 1º dia útil após ter ficado doente. Passaram-se os 14 dias de baixa e entrei de férias. Qual não é o meu espanto, quando a meio das férias (5 dias após término da baixa e 17 dias após ter entregue o papel), me telefonam do Serviço de Pessoal a dizer que o papel não era aquele, porque para efeitos de baixa a SS era responsável. Perdi uma manhã de férias (e gasóleo, portagens e paciência) para me passarem novamente a baixa noutro papel e para o entregar no Serviço de Pessoal. Disseram-me que por não ter entregue o papel dentro do prazo limite, eles iriam descontar-me do ordenado, mas que seria reembolsada pela SS. Hoje fiquei a saber que fiquei a arder em 856,52 euros (coisa pouca) pois, precisamente por o documento ter sido enviado para a SS fora do prazo, não me vão reembolsar em nada. Tudo graças à extrema competência e eficácia daquela gentinha acerebrada do serviço de pessoal, que... só demoraram 17 dias a reparar que o papel não era aquele!

Amanhã vão-me ouvir... ai se vão!

sábado, 14 de novembro de 2009

Enroscadinha

Faz amanhã precisamente um mês que fui pela última vez à praia este ano (ou talvez não...). Nunca na minha vida tinha feito praia em Outubro, mas este ano consegui a proeza, e devo dizer que apanhei uns dias melhores que muitos dias de verão.

Entretanto o frio apareceu de repente, de mãos dadas com a chuva, e com tudo o que isso acarreta: trânsito, acidentes, roupa molhada, espirros, suspeitas de gripe A... e principalmente uma vontade louca de ficar o dia inteiro no sofá, no quentinho, a ouvir a chuva a cair e o vento a assobiar lá fora, enroscadinha num cobertor e a ver um bom filme. Infelizmente ainda não pude concretizar essa minha vontade... mas pelo menos já tenho ali uma pilha de filmes à espera desse momento...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Aventura gripal

A minha aventura começou, depois de um fim de semana com tosse e dores no corpo (incluindo uma dor de cabeça brutal), e uma noite mal dormida graças à bela da febre que resolveu aparecer. Se até aqui me estava nas tintas (casa de ferreiro...), este último sintoma obrigou-me a tomar outro tipo de precaução, principalmente no que diz respeito às pessoas com quem sou obrigada a contactar diariamente. "Espera lá... será que é gripe?..."

Não que a gripe me assuste (assusta-me mais a ameaça latente de poder ficar sem férias de Inverno por causa dela...). Aliás, costumo dizer que, depois de ter tido mononucleose, até pode vir a gripe Z, que de certeza que não lhe chega aos calcanhares. Estou um bocado (para não dizer muuuuuuuuuito) farta desta história da gripe A e de tudo o que ela envolve, mas, tendo em conta que devemos zelar pela saúde do "próximo", liguei para a Saúde 24 para que me dessem orientações (sim, porque desde que a gripe surgiu, as orientações mudam de hora a hora, e passam a ser mais "desorientações" que outra coisa). Fui atendida por uma enfermeira com o discurso politicamente correcto de "call center", que me colocou a lista pré-definida de questões, e me indicou que deveria ser observada por um médico. Para tal, deveria dirigir-me ao Centro de atendimento da gripe no meu centro de saúde, o qual só estaria disponível a partir das 18h, pelo que, até lá, deveria ficar atenta à temperatura e ao aparecimento de novas queixas. Deveria ir em transporte próprio e com máscara.

Como miúda bem mandada que sou, fiquei em casa a aboborar, à espera das 18h, e nessa altura fiz o esforço para me meter no carro. Cheguei às 18:05 (já a dar um desconto de 5 minutos), quando o segurança me diz que o centro de atendimento da gripe tinha fechado às 18h, e que agora era o atendimento geral.

"Tem sintomas de gripe? Tome lá uma máscara." Piursa da vida, lá meti a máscara na cara. Inicialmente acho que era a única pessoa com máscara. Senti-me o verdadeiro alvo das atenções... uma figura temida... só me faltava a foice e o manto negro... Estava de facto enquadrada naquela verdadeira visão do inferno. Pessoas a barafustar porque nunca mais eram chamadas, mães indignadas por os filhos (que pareciam mais saudáveis que qualquer outro) não terem prioridade ("quando eu fui com ela ao hospital foi logo chamada! Não se importa de ligar lá pra cima para verificar se não tenho prioridade?), ou o casal jovem (que de doente também tinha pouco) que se fartou de rir quando viu que (só) tinha 30 pessoas à sua frente.

Passado algum tempo as máscaras foram aumentando de número. Contudo, eu devia ser a única naquele espaço com a máscara (bem) colocada. As crianças brincavam com as máscaras nas mãos enquanto tossiam e espirravam para o vizinho do lado, para gáudio dos papás. E os adultos, não só colocavam a máscara de maneira demasiadamente "ventilada", como a tiravam de cada vez que falavam. Um verdadeiro primor de prevenção da infecção. Senti-me verdadeiramente protegida... porque eu tinha uma máscara!

O sistema de senhas era verdadeiramente paleolítico (palpita-me que também envolvia sinais de fumo), e depois de uma hora e meia, lá me chamaram para fazer a ficha. Daí para diante foi surpreendentemente rápido, e 10 minutos depois estava a ser chamada. A médica com tudo a que tinha direito: máscara, luvas e bata descartável. Super simpática e despachada.

Agora vamos ver se a febre volta...

P.S: Acho que vou começar a andar de máscara... talvez me comecem a levar mais a sério...