terça-feira, 5 de agosto de 2008

A nostalgia dos anos 90...

Há coisas que surgem na nossa vida que, embora na altura possam parecer desprovidas de importância, ao olharmos para trás verificamos que foram elas as responsáveis pelo escolher de certas direcções nas encruzilhadas da nossa existência, e consequentemente pelos acontecimentos mais importantes da nossa jornada. O mundo realmente é tão pequeno que às vezes se torna anedótico. Como as coisas se interligam de tal maneira, que, se fosse premeditado não sairia tão "bem".

Estou aqui a ouvir STP e, imagine-se, se há 10 anos atrás não fossem já a minha banda favorita, hoje a minha vida seria completamente diferente. Não teria conhecido as pessoas que conheci, não teria vivido o que vivi e de certeza que hoje seria uma pessoa diferente. É engraçado como algo tão simples como um gosto musical pode mudar abrupta e devastadoramente a vida de alguém. Não digo isto no sentido depreciativo. Foi apenas o rumo pelo qual me fiz guiar. Se me arrependo? Talvez. Tinha curiosidade em saber como tudo teria sido se não fosse esse simples pormenor, esse gatilho que despoletou tudo o resto. Será que chegaria aos mesmos cruzamentos e bifurcações? Uma coisa leva à outra... isso é verdade. Se eu soubesse o que eu sei hoje...

Sempre fui adepta do "diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és"... ou do "não se ama alguém que não ouve a mesma canção". E realmente, 10 anos depois confirma-se que há uma certa (grande) verdade nessas minhas convicções. É difícil explicar, mas quando as músicas elevam a alma de tal maneira que se atinge um estado quase divino, só quem sente o mesmo poderá compreender. É como uma droga que nos inebria, embora sóbrios. É a comunhão perfeita. É aquele abraço depois de um concerto, sem ser necessário dizer mais nada.

O verdadeiro artista é aquele que não precisa de ninguém que escreva ou toque por ele. Nunca fui de letras "básicas" de interpretação simples e evidente (que, se traduzidas para o português, em que tudo soa pior, se assemelham à bela da música pimba). Nunca fui de acordes fáceis e repetitivos, que ofendem qualquer guitarrista que pouco sabe tocar. E para isso é preciso ver para além do óbvio. Concluir aquilo que para nós pode ser muito diferente, embora legítimo, daquilo que é para os outros.

Já não pegava na minha guitarra há pelo menos uns 4 anos. Já me tinha esquecido dos contornos... do som... As cordas pelo menos ainda estão intactas. Falta o resto. Falta os dedos encontrarem o caminho. Prometo que vou voltar a tocar.

É difícil escolher uma música. Todas elas me dizem algo. Todas fizeram parte de certo ponto da encruzilhada. Escolhi esta. No fundo foi ela a principal culpada. E tanto que ela diz...

Estou prestes a cometer uma loucura e meter-me num avião direitinha aos "States" para vê-los actuar...

2 comentários:

Anónimo disse...

Hoje tenho um pouco mais de tempo do que aquele que resta num dia dito normal (isto se a vida que levamos tem alguma coisa de normal), fiquei por casa a arder em febre. Curiosa a tua interrogação sobre o possível caminho que poderias ter percorrido, seria sem dúvida diferente, mas, pelo idade que tens, poderia arriscar em dizer que ainda te faltam imensos trilhos por descobrir, uns serão mais difíceis (como esse por onde pareces ter andado perdida) mas outros haverá que te darão um prazer inenarrável e, é por esses que a caminha deve realmente ser efectuada. Ajudaria terem um sinal de trânsito? Julgo que não, os sabores, os cheiros, as texturas, os sentimentos, só por nós próprios podem ser vividos e avaliados …. Não nos resta outra alternativa senão entrar pelos trilhos e ir marcando a nossa passagem, só assim evitaremos andar perdidos mais adiante. Quanto à música, tens um gosto muito consensual, e que eu pessoalmente partilho, embora exista a música clássica que a mim me deixa sempre rendido. Certamente influenciado pela formação que tive enquanto garoto aquando da frequência do conservatório. Deixa-me ainda acrescentar que não me parece assim uma grande loucura a viagem aos EUA, huummm sabe sempre tão bem e, até tens uma desculpa !! Um grande beijinho e diverte-te nas férias.
Alexandre

Vera disse...

Se calhar os sinais de trânsito, se existissem, não seriam de grande ajuda, uma vez que há uma tendência natural para os desrespeitar. Talvez seria melhor marcar o caminho (desde que não fosse com migalhas de pão). De qualquer modo, espero que realmente ainda tenha esses trilhos felizes para percorrer (e já agora, espero que, quando eles surgirem, eu não escolha o trilho do lado que vai dar ao beco sem saída).
Depois de uma amiga me ter moído o juizo para me convencer a ir passear por NY, realmente agora a ideia até nem me parece tão descabida... quiçá...

P.S. Espero que já estejas melhor em relação à febre :)