quarta-feira, 1 de julho de 2009

Brilho fosco

Um calor... e de repente o frio... uma sensação de perda de consciência... Vejo tudo enevoado. Não consigo distinguir bem as formas. Oiço uma voz mas não a reconheço nem consigo perceber o que diz... Sinto o meu corpo a ser arrastado, e em seguida num leve balanço como que a cavalgar. Que se passa? Onde estou? Ainda estou neste mundo? Morri? Não vejo nenhuma luz como num túnel... Não vejo a minha vida a passar como um filme à minha frente... Nada... Apenas uma sensação de calma. Sim. É isso. Calma. Uma calmaria como que a flutuar num mar sem ondas. Mas uma calma com expectativa. Um silêncio com ruído. Uma escuridão iluminada. Uma cor que não existe no arco-íris. Tudo passa a não fazer sentido. Como num sonho. Será isso? Um sonho? O que era importante deixou de ser. O cansaço levou à exaustão e à conclusão de que nada vale a pena. Nem vale a pena pensar. A importância de tudo toma um peso relativo. As ideias saltitam na minha linha de pensamento e sinto uma vontade crescente de rir à gargalhada. Quero correr. Apetece-me correr... e saltar... e rir...

Novamente sinto um arrepio a percorrer-me o corpo. Uma sensação desagradável que interrompe aquele êxtase momentâneo. Recordo-me da realidade. Recordo-me dos últimos momentos... e a partir daí tudo se torna turvo. Agora sim, vejo imagens a passar... episódios que vivi... e sim, sinto-me a caminhar num túnel... um túnel que termina numa luz fosca que se torna mais brilhante à medida que o percorro... Será agora?

Uma dor forte... física... Não percebo porquê... ainda não me lembro porquê... Abro os olhos com dificuldade...

- Quem és tu?

2 comentários:

james disse...

Percebi que agora descansava tranquila. O esgar de terror que tinha anteriormente na sua dormência, por certo atormentada pelo extinguir do fio de vida que ainda lhe restava. Por certo atormentada por se sentir cara a cara com a morte. E depois o emergir repentino na vida, de novo. O renascer num mundo que lhe é desconhecido, e que nada viu com ligação às suas memórias mais recentes. Tudo isso lhe causou confusão, estranheza. Mas não lhe senti medo.

Afastei-lhe o cabelo da cara, que acariciei ao de leve. Depois sai, deixando-a à procura da força de viver por si mesma. Não havia mais nada que pudesse fazer naquele momento. Restava apenas esperar. Paciência era o que se pedia agora. A luta ia ser longa e dura. Mas no fim eu sabia que a ia trazer de volta… a nova vida.

Fiquei ali a olhar o horizonte. O tempo não parava e o nascer do Sol indicava que um novo dia estava ali mesmo à nossa frente.

Vera disse...

:)

Aguardam-se os próximos capítulos...